CALIBRAÇÃO E QUALIFICAÇÃO NAS BOAS PRÁTICAS DE LABORATÓRIO
A confiabilidade dos resultados laboratoriais começa no ponto mais básico da rotina: a condição dos
equipamentos. Um dado só pode ser considerado válido quando o instrumento que o gerou está calibrado,
qualificado e em perfeito funcionamento.
Essa exigência, estabelecida pelas Boas Práticas de Laboratório é a linha de defesa que sustenta a
confiabilidade analítica e garante que decisões técnicas, regulatórias e estratégicas se apoiem em
informações corretas.
Todo equipamento deve ser avaliado, periodicamente quanto à sua adequação ao uso. A definição de
adequação precisa estar registrada em protocolos e documentos da qualidade. O ponto crítico é que
qualquer instrumento, seja ele simples ou sofisticado, deve operar dentro de critérios previamente
estabelecidos e documentados.
A calibração é a chave para a rastreabilidade. Os laboratórios utilizam padrões primários, ou rastreáveis,
certificados por organismos nacionais e internacionais. Esses padrões qualificam padrões secundários,
que passam a ser usados na rotina. Esse encadeamento cria uma linha de confiança que conecta o dado
obtido à sua base de referência reconhecida. Um resultado sem esse histórico não é confiável. Auditorias
e inspeções frequentemente começam pela verificação dos certificados de calibração, justamente porque
eles garantem que os números produzidos são legítimos.
A manutenção preventiva é outra exigência central. Um freezer com sensores de temperatura calibrados,
mas sem plano de manutenção, pode falhar em um fim de semana e comprometer amostras críticas de um
estudo de longa duração. Um gerador não testado pode falhar em um apagão e causar perdas irreversíveis.
Serviços devem ser documentados, etiquetas de equipamentos atualizadas e relatórios arquivados. Esses
registros formam o histórico de confiabilidade do instrumento e permitem reconstruir qualquer evento
durante inspeções.
Alarmes e contingências também fazem parte dessa disciplina. É obrigação do laboratório prever falhas e
estruturar planos de resposta. Duplicação de equipamentos críticos, contratos de serviço com empresas
especializadas e sistemas de alerta em tempo real são medidas práticas que garantem continuidade
operacional. O ponto não é evitar qualquer falha, mas garantir que nenhuma falha comprometa dados ou
materiais.
Um resultado questionado por falha de equipamento pode invalidar meses de estudo, gerar reprovações
regulatórias e comprometer a reputação institucional. O impacto desse cuidado vai além do setor técnico.
Autor: Carlos Eduardo Rodrigues Costa