DESENVOLVIMENTO FARMACOTÉCNICO E REQUISITOS REGULATÓRIOS.

DESENVOLVIMENTO FARMACOTÉCNICO E REQUISITOS REGULATÓRIOS.

Inovação e Regulamentação na Indústria Farmacêutica

Na indústria farmacêutica, a inovação precisa ser mais do que eficaz: ela precisa ser regulável.

De pouco adianta uma formulação inteligente, com liberação otimizada, excelente perfil farmacocinético e performance comprovada, se não vier acompanhada de dados robustos, justificativas técnicas sólidas e documentação estruturada em conformidade com guias regulatórios globais.

Esse é um ponto central — e muitas vezes negligenciado — nas equipes de desenvolvimento.
A separação entre inovação e conformidade regulatória ainda constitui um dos grandes gargalos da indústria farmacêutica moderna.
 

O Descompasso Técnico-Regulatório

O motivo é simples: o desenvolvimento técnico frequentemente avança em ritmo acelerado, enquanto a linguagem regulatória não é incorporada de forma consistente durante os projetos.

Consequências possíveis:

  • Reformulações tardias;

  • Retrabalho e aumento de custos;

  • Falhas em testes de bioequivalência;

  • Solicitações de esclarecimento por agências reguladoras;

  • Negativas de aprovação;

  • Perda de tempo, recursos e credibilidade.
     

A Mentalidade Regulatória desde o Início

Para evitar tais impactos, a mentalidade regulatória precisa estar presente desde as etapas iniciais do desenvolvimento.

Na pré-formulação:

  • Coletar dados de solubilidade, estabilidade, pKa e compatibilidade físico-química com excipientes — sempre de forma documentada.

  • Construir desde cedo o QTPP (Quality Target Product Profile), que servirá como base para todas as decisões técnicas subsequentes.

No desenvolvimento da formulação:

  • Identificar os CQAs (Critical Quality Attributes) e mapeá-los com os CMAs e CPPs relevantes.

No escalonamento:

  • Validar a estratégia de controle com base nos dados experimentais.

  • Assegurar rastreabilidade e justificativa estatística para todos os pontos críticos, em conformidade com os guias ICH Q8, Q9, Q10 e Q14.

  • Aplicar ferramentas como DoE (Design of Experiments) e risk assessment para ampliar o entendimento técnico.
     

A Essência do Desenvolvimento Regulatório Inteligente

Esse alinhamento resulta em formulações robustas e defensáveis perante órgãos como ANVISA, FDA e EMA.

O diferencial não está apenas no desenvolvimento técnico, mas na capacidade de apresentar um projeto tecnicamente aprovado, estruturado em uma linha lógica que responda:

  • Por que o fármaco foi desenvolvido dessa forma;

  • Como o processo produtivo foi definido;

  •  De que modo os dados de desenvolvimento validam cada especificação e justificam cada escolha.


Conclusão

O desenvolvimento regulatório inteligente integra ciência, qualidade e estratégia regulatória, atuando como proteção contra atrasos, facilitando a entrada no mercado e sendo, muitas vezes, um fator decisivo para o sucesso comercial.

E na sua rotina de P&D: inovação e regulação caminham juntas?

Autor: Carlos Eduardo Rodrigues Costa

 

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