Avaliaçâo e controle de impurezas por HPLC

Avaliaçâo e controle de impurezas por HPLC

Detectar uma impureza é importante. Entender sua origem, e controlá-la com precisão, é o que realmente define a maturidade analítica de um laboratório.

No desenvolvimento de medicamentos, a detecção, identificação e quantificação de impurezas é um dos pilares que sustentam a segurança, eficácia e qualidade do produto final.

As impurezas não devem ser encaradas apenas sinais de degradação. Elas são rastros da história do composto: síntese, formulação, embalagem, armazenamento e até transporte.

Por isso, a construção de métodos de HPLC voltados à avaliação de impurezas exige muito mais do que apenas resolução de picos.

Ela requer:

  • Profundo conhecimento do perfil de impurezas do insumo farmacêutico ativo (IFA);
  • Mapeamento de possíveis produtos de degradação e subprodutos do processo de síntese;
  • Escolha criteriosa da fase estacionária e do detector;
  • Estratégia de forçar a degradação (estudos de estresse) para garantir a especificidade do método.

Tipos de impurezas que devem ser controladas:

  • Orgânicas relacionadas ao processo: subprodutos da síntese, reagentes residuais, intermediários.
  • Produtos de degradação: formados por hidrólise, oxidação, isomerização ou fotodegradação.
  • Impurezas inorgânicas: metais residuais, catalisadores.
  • Solventes residuais: classificados de acordo com toxicidade (ICH Q3C).
  • Impurezas mutagênicas/genotóxicas: com limites extremamente baixos de aceitação (ICH M7).

O grande desafio é alinhar sensibilidade, seletividade e robustez. Métodos para impurezas precisam detectar níveis traço (geralmente <0,1%) sem interferência da matriz e com total estabilidade analítica.

Isso implica validações com foco especial em:

  • Limite de detecção (LOD) e limite de quantificação (LOQ) validados com solução padrão.
  • Linearidade em baixa concentração (região subpercentual);
  • Precisão intermediária, especialmente interanalista e intercoluna;
  • Seletividade/Especificidade frente a produtos de degradação forçada;
  • Investigação da potencial origem das impurezas detectadas.

Além disso, as agências regulatórias esperam não só o resultado da impureza, mas também uma justificativa para cada uma que aparece no cromatograma. Isso inclui possíveis vias de formação, correlação com condições ambientais e impacto toxicológico.

Em outras palavras: não basta quantificar. É preciso entender, explicar e controlar.

Um bom método de impurezas é aquele que resiste à complexidade, detecta o que precisa ser detectado, não responde a ruídos e responde com estabilidade ao longo do tempo e do lote.

Vamos compartilhar experiências. A rastreabilidade de um produto começa com o conhecimento detalhado daquilo que o método revela, e daquilo que ele pode esconder.

Autor: Carlos Eduardo.

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